Wednesday, September 27, 2006

Poderá a Intuição ser explicada pela ciência?

Ouvimos dizer muitas vezes que a intuição não tem qualquer base científica. Mas, será mesmo assim?...

Comecemos pelas tais bases científicas: Einstein, com a teoria da Relatividade Geral, deu-nos uma descrição muito boa do espaço-tempo em larga escala. Pois é, mas os físicos sabem que não há provas reais que justifiquem a utilização das equações de Einstein a escalas subatómicas. Mas a escalas subatómicas, entramos no território da física quântica. E a física quântica diz que o espaço-tempo não pode ser contínuo. Pois é, a física quântica defende que o próprio espaço-tempo deve ter uma estrutura granular a uma pequeníssima escala, neste caso o tempo de Planck (se não sabes o que é, imagina um comprimento de tempo muito curto). Assim, a estrutura do espaço-tempo não é uma linha contínua, ou só aparentemente é uma linha-contínua...

Pois, mas então não nos deslocamos do passado para o futuro? Não é essa a seta do tempo? Hmm, Stephen Hawking dir-nos-ia que há pelo menos três setas diferentes do tempo: há a seta termodinâmica, que te indica o sentido do tempo em que a entropia aumenta, há a seta psicológica (ou o tempo psicológico) que te dá a sensação de que o tempo passa, e ainda há a seta cosmológica que mede o sentido do tempo em que o Universo está a expandir-se em vez de contrair-se.

Mas, voltemos um pouco atrás: dizia eu que a física quântica não defende um espaço-tempo contínuo, mas um espaço-tempo que a escalas subatómicas é de estrutura granular. Imaginemos uma imensa rede cheia de minúsculos "buracos de verme", isto é, túneis através do espaço-tempo cujas extremidades são semelhantes a buracos negros em miniatura.

Fantástico, não é? E segundo a física quântica, seriam estes buracos de verme que formariam a estrutura daquilo que nós vemos como um espaço e um tempo uniformes e contínuos.

Repara que nesta representação microscópica do espaço-tempo, a terminação de cada buraco de verme poderia estar ligada à terminação de outro buraco de verme, num outro espaço-tempo, em qualquer outro lugar do universo. Neste domínio microscópico não se aplica a teoria da relatividade geral e, assim, “algo” poderia passar da extremidade de um destes buracos de verme para a extremidade de outro buraco de verme, em tempo nenhum. Claro que como estas extremidades são muitíssimo pequenas, nenhuma matéria poderia passar por elas, só mesmo partículas subatómicas como um protão. Mas, e aqui é que chegamos à parte interessante, poderia passar informação: zeros e uns, representados por partículas subatómicas. A informação propagar-se-ia, mas ainda assim precisaríamos de a converter. Precisaríamos de ter integrado um sistema operativo que nos apresentasse essa informação de uma forma inteligível, doutra forma ignorávamo-la como ruído.

Assim, de diferentes regiões do espaço-tempo (nós próprios num espaço-tempo diferente???...) poderia chegar-nos informação pelos túneis do tempo e quando a descodificássemos, interpretávamo-la como intuição, ou seja, informação não dedutiva (não foi produzida por um raciocínio dedutivo), mas ainda informação... vinda de uma fonte desconhecida mas fiável.

Lindo, não é? :)

p.s. Publiquei este texto há algum tempo nos fóruns do Sapo. Hoje encontrei-o por acaso e decidi repensá-lo. Que acham?... :)

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