O livro O Lugar do Início, de Ursula K. Le Guin (uma escritora de quem sempre gostei muito), começa com uma citação de Jorge Luis Borges: Que rio é este pelo qual corre o Ganges?...
Acerca disso deixei este pequeno comentário a um amigo:
Não há como fugir
a isso, pois não? O lugar do início da nossa tribo encontra-nos sempre. Por mais
elaborados que sejam os nomes ou as litanias, acaba sempre tudo por regressar à
verdade simples e imediata da paisagem. Para mim, quero eu dizer. :)
A paisagem
que moldou a tribo, de alguma maneira, é imutável. Os montes tornam-se vales,
os rios correm em diferentes leitos, as velhas árvores desaparecem e outras, de
diferentes espécies, passam a ser dominantes. Tudo muda e, ainda assim, a
paisagem que foi corpo da tribo, ainda é. Não há nada naquela paisagem que
possa ser diferente, mesmo que os nossos olhos nos digam o contrário.
Que sentido é
verdadeiro? O que é real? Se fecharmos os olhos, o cheiro e o som tornam-se
outros. Se continuarmos de olhos fechados, a cada passo que damos entramos mais
e mais no corpo da tribo. E é assim até começarmos a sentir aquela velha
sensação, também ela invariável. Nesse momento, podemos abrir os olhos: a
floresta encontrou-nos.
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