Tuesday, August 26, 2008

Poderá um grupo de indivíduos ou um indivíduo isolado fazer realmente alguma diferença?

Mihaly Csinkszentmihalyi, no seu livro: The Evolving Self , de 1993, publicado em Portugal pelo Círculo de Leitores em 1998, com o título de Novas Atitudes Mentais, diz-nos o seguinte: "O actual entendimento da causalidade sugere que os acontecimentos são determinados pela interacção de possibilidades aleatórias com as leis imutáveis da natureza. Uma borboleta a adejar sobre uma orquídea na margem do Amazonas pode desencadear uma cadeia de perturbações atmosféricas infinitesimais eventualmente susceptíveis de resultar num furacão capaz de destruir centenas de casas na Florida. O modo como os furacões se formam pode ser explicado em termos de diferenciais de pressão e de temperatura; mas o voo da borboleta – e as centenas de outras causas que atenuam ou ampliam os efeitos do movimento inicial das asas da borboleta – poderá permanecer para sempre na esfera imprevisível das possibilidades aleatórias.

Apanhados entre as inflexíveis leis da natureza e o capricho de acontecimentos muito para lá de qualquer previsibilidade, que podemos nós fazer senão ir com a onda? Um fatalismo resignado parece ser a resposta mais racional à irracionalidade da vida. Na prática, isto significa desistir da responsabilidade, da reflexão e da escolha. Significa seguir automaticamente quaisquer necessidades ou desejos que os genes tenham codificado nos nossos cromossomas, pelo menos dentro dos limites aceites pela sociedade em que vivemos. Ocuparmo-nos do mais importante – o nosso conforto, prazeres e ambições – é, de acordo com este cenário, praticamente tudo o que podemos fazer.

Neste ponto, começa a emergir um estranho paradoxo. Se toda a gente adoptar esta atitude – se todos nos submetermos às forças determinantes da causalidade – é muito improvável que a humanidade consiga sobreviver. Os que têm acesso aos recursos continuarão a açambarcá-los a um ritmo cada vez mais acelerado, os que nada têm erguer-se-ão para exigir o seu quinhão, e a guerra de todos contra todos será inevitável."

Volto a perguntar: poderá um pequeno grupo de indivíduos ou um indivíduo isolado fazer realmente alguma diferença?

Vou deixar que Mihaly Csinkszentmihalyi continue a responder por mim: "Está na moda afirmar que nenhuma acção individual pode ter um efeito significativo no curso da história. Se Sócrates e Joana d’Arc não se tivessem sacrificado por aquilo em que acreditavam, postula esta teoria, quaisquer outros teriam assumido as respectivas causas. Em todo o caso, os seus gestos, por muito espectaculares que tenham sido, não tiveram uma influência real no curso dos acontecimentos, que é determinado pelo vector das forças sociais e não por escolhas individuais.

Este argumento pode ter mérito no que toca às descobertas científicas e tecnológicas. Se, em vez de conseguirem fazer voar o seu avião, os irmãos Wright tivessem falhado – como tantos outros haviam falhado antes deles – qualquer outra pessoa teria acabado por aperfeiçoar, um ou dois anos mais tarde, uma máquina voadora. A ciência e a tecnologia têm até agora seguido a sua própria trajectória de desenvolvimento, que a mente humana tem aceitado acompanhar passivamente. Mas nem todas as acções humanas são assim determinadas. Os indivíduos verdadeiramente criativos são aqueles que conseguem, contra todas as pressões do instinto e do conhecimento actual, visualizar um modo de vida capaz de tornar muitos outros indivíduos mais livres e mais felizes.

Romper com a aceitação fatalista dos programas genéticos ou históricos exige, no mínimo, que se acredite na liberdade e na autodeterminação. Dificilmente alguém aceitará correr riscos e trabalhar para o bem comum se não acreditar que isso fará alguma diferença. Estará, porém, uma tal pessoa simplesmente a iludir-se a si mesma? Ao fim e ao cabo, os axiomas da ciência postulam que todos os acontecimentos têm que ter causas e, portanto, se S. Francisco decidiu distribuir todos os seus bens pelos pobres e retirar-se para uma vida de oração com outros jovens, foi com certeza porque queria irritar um pai rico, ou porque era um homossexual latente, ou talvez porque tinha um qualquer desequilíbrio hormonal.

É, no entanto, possível aceitar o axioma da causalidade sem nos tornarmos reducionistas. Das muitas causas que determinaram as acções de S. Francisco, uma das principais foi a convicção de que elas eram importantes, e de que ele próprio tinha a obrigação de transformar o mundo que o rodeava. Esta convicção é, em si mesma, uma causa. A ideia do livre-arbítrio é uma profecia que se cumpre a si mesma: os que a seguem libertam-se do determinismo absoluto das forças externas."

Eu acredito que nós temos a obrigação de transformar o mundo que nos rodeia, nós temos a responsabilidade de descobrir porque estamos aqui e para onde vamos, nós temos direito de escolha, podemos escolher evoluir como seres humanos, ir mais longe.

Eu acredito, de verdade, que um grupo de indivíduos ou um indivíduo isolado pode fazer realmente a diferença.

Tuesday, August 12, 2008

Pedra Tau

Procuramos a Pedra Tau. Sim, já sabíamos que existia. :)
E encontramos no meio de um pequeno bosque de carvalhos este misterioso Tau escavado na rocha, de razão áurea: 1,618

"Essa importante razão, chamada de Secção pelos gregos antigos, de Proporção Divina por Luca Pacioli (1509) e de Secção Dourada por Leonardo e seus seguidores, tem propriedades únicas que a recomendaram aos geómetras desde os tempos egípcios. (...)
A Secção Dourada tem sido reverenciada através de toda a his­tória. Platão, no Timeu, discutiu-a como a chave da física do Cosmos. Luca Pacioli, geómetra renascentista, publicou a sua influente obra De Divina Proportione em Veneza em 1509 e até mesmo o arquitecto moderno Le Corbusier planeou um sistema modular de proporção baseado nessa antiga mas pode­rosa razão."
Nigel Pennick, Geometria Sagrada: Simbolismo e Intenção nas Estruturas Religiosas.

Vejamos também o que nos diz Juan Atienza a propósito de
Touros, Labris e Tau:
"(...)A era de Touro corresponde, na precessão equinocial, aos anos 4513 a 2353 a. C. e caracteriza-se, nas civilizações históricas, pelo culto a divindades táuricas. É a época de Apis e Athor no Egipto, dos touros alados babilónicos, do touro Tarnos céltico, do touro irlandês de Cualungé. É, também, a época do esplendor cretense de Cnossos e do minotauro, da fundação da primeira Tróia (3000 a.C.), das culturas urbanas da Índia (2800 a.C.) e da fundação de Tiro (2750 a.C.). Nessa época, exactamente no ano 3760 a. C. principia a era judaica.

É uma longa época de 2160 anos, em que floresceu universalmente o miolo de uma cultura da qual apenas a simbologia e os cultos deixam entrever a realidade. Mas essa cultura e esse reconhecimento foram procurados pelo Cadmos fenício, e o resultado pôde muito bem consistir na acumulação de um saber em todas as ordens, de que só restam as notícias, as recordações e as suspeitas. (...) Toda uma carga de conhecimentos - toda uma carga de saber total, em última análise - simbolizada pelo culto do touro e pela imagem desse touro e dos sinais abstratos que o definiam e lhe conferiam a sua transcendência: o Labris cretense e o Tau.

O mesmo Tau que os templários arvoraram como insígnia e simbolizava menos o Templo que o Templo de sabedoria e conhecimento que procuraram por todos os meios ao longo dos seus escassos duzentos anos de existência oficial.

Um Tau cósmico que servia menos de insígnia que de módulo, menos de sigla que de sinal de conhecimento. O Tau era o apoio do báculo do grão-mestre como o compasso era o sinal que conferia à divindade o atributo de grande arquitecto do Universo. Era regra e sinal de reconhecimento, um dos muitos sinais que os templários tomaram de sabedoria antiga e desconhecida e lhes serviria para localizar, com a sua ajuda, os lugares da Terra onde se podia adquirir o conhecimento."

Geometria Sagrada

J. A. Wheeler, no livro Gravitation, publicado em 1971, considerou um conjunto infinito de universos, cada um com leis físicas constantes e variáveis. A maioria desses universos poderia ser natimorta, incapaz de, por força da sua física e da sua geometria peculiares, permitir que qualquer acção interessante ocorresse no seu interior. Apenas aqueles que se iniciam com as leis devidas e as constantes físicas podem desenvolver-se para um estágio em que possam tomar consciência de si mesmos. Assim, o nosso universo exis­tente, capaz de sustentar o nível material de existência, é por sua própria natureza um caso especial, com uma física apropriada e, por conseguinte, uma geometria para a existência. Essa geometria subjacente, reconhecida desde a aurora da humanidade como algo espe­cial, é de facto um arquétipo da natureza única dessa fase da criação que possibilita a existência do mundo material. Cada vez que se pro­duz uma forma geométrica, faz-se uma expressão da unicidade uni­versal; ela é ao mesmo tempo única em tempo e em espaço e tam­bém eterna e transcendente, representando o particular e o universal.